Ser Mãe e Executiva: Um Legado de Amor e de Liderança em Quatro Gerações

Center for Responsible Business & Leadership
Terça, Maio 6, 2025 - 10:00

No Dia da Mãe, partilho a minha experiência e o testemunho de quatro gerações de mulheres que muito me inspiram, num olhar muito pessoal sobre o que significa ser mãe e líder num mundo em transformação.

Está mais ou menos globalmente assumido que no Dia da Mãe celebramos um amor único, profundo, transformador. Mas celebramos, também, o papel de cada mulher que, sendo mãe, é igualmente construtora de um mundo mais próspero, mais justo e mais humano. Escrevo este testemunho com um olhar que atravessa quatro gerações, na esperança de que ele inspire outras mulheres a abraçarem com orgulho a sua missão de mães e de líderes.

Começo num tributo à minha mãe. Com 98 anos, única viva de 15 irmãos, viu já partir dois filhos e dois netos. Ainda assim, fala da maternidade com uma força quase divina, afirmando que “Ser mãe é tudo. É a continuação da vida. Não existem palavras para descrever o que é ser mãe.” Neste breve testemunho cabe uma vida inteira. Uma certeza que resiste à dor, ao tempo e à perda. Ser mãe é, pois, mais do que gerar: é amar sem fim.

A minha filha Catarina, mãe também, descreve a maternidade com uma lucidez tocante: “Ser mãe é aprender uma forma de amor que não cabe em nós… querer ser colo para sempre… reconhecer que os pais são sempre dos filhos, mas os filhos não são sempre dos pais… É a forma mais pura de amor.” Palavras que traduzem a plenitude, a entrega e o paradoxo de educar para o desapego.

Já a Rita, a minha filha mais nova, diz com simplicidade o essencial: “Ser Mãe é reviver. É a maior descoberta, o maior ensinamento e a maior aprendizagem. É saber dar e saber receber. Ser Mãe é ser Amor.” E talvez seja mesmo isto. Ser mãe é viver em constante renovação, por dentro e por fora.

As minhas netas, em idades tão diferentes, já sentem o que é este amor no feminino. Diz a Rita de Deus, nos seus 13 anos: “Ser mãe deve ser amar alguém mais do que a si própria, sentir orgulho em tudo e querer cuidar e proteger para sempre.”

E a Júlia, com apenas 7 anos, resume o essencial com a pureza da infância: “É ter uma pessoa ao meu lado que sente amor por mim e cuida de mim.”

Então e para mim?  Quanto a mim, Conceição Zagalo, mulher executiva e mãe, com uma reforma muito ativa e cheia de desafios no setor social, só posso dizer que: “Ser mãe é uma dádiva e uma constante prova de amor sem fronteiras… Ser mãe executiva é transportar para a profissão o amor que se tece em família. É fazer pontes entre os afetos e a ação, entre o cuidado e a liderança.”

Neste Dia da Mãe, 4 de maio de 2025, evoco o Papa Francisco, fervoroso devoto de Maria, mãe de todas as mães. Celebramos este ano com o coração tocado pela sua perda recente, mas mais conscientes da força maternal que une fé, compaixão e coragem. A 8 de dezembro, dia da Imaculada Conceição, padroeira de Portugal, renovarei essa devoção.

O Dia da Mãe, que em Portugal se renova a cada primeiro domingo de maio, é mais do que uma data: é um símbolo da eternidade deste amor. E é também um momento de apelo à ação. Porque ser mãe é, também, construir o futuro, liderar com empatia, formar cidadãos e influenciar culturas organizacionais cada dia mais humanas.

A maternidade e a liderança não são esferas opostas. Bem antes pelo contrário. Tenho para mim que a mãe executiva é, muitas vezes, a primeira educadora de um estilo de liderança feito de escuta, de resiliência e de visão de longo prazo. Por isso, desejo que cada mulher se sinta autorizada a ser mãe, profissional, cuidadora, gestora do bem-estar coletivo e percussora de mudanças. Que possamos, nós as mulheres, de facto e de coração, abençoadas pelo dom da maternidade, continuar a inspirar, pelo exemplo, sociedades mais líderes, mais felizes, mais sustentáveis e mais centradas nas pessoas. E que este seja ano para perdermos timidez e dizermos a alguém, sem pudor, “Mãe, Muito Obrigada” !

Conceição Zagalo