Esta sexta feira, dia 22 de Abril, cerca de 1 bilião de pessoas e mais de 193 países celebraram o Dia da Terra. Este dia começou a ser celebrado em 1970, um ano após o Grande Desastre de Santa Bárbara em 1969, o maior desastre ambiental da história dos Estados Unidos, em que cerca de 16 milhões de litros de crude foram derramados no oceano, depois de uma explosão numa plataforma petrolífera, ao largo da Califórnia.

Este cataclismo deu origem a um grande movimento ambientalista que ainda hoje se celebra, mas que pela evidência dos dados atuais, não tem surtido os seus melhores efeitos. Na verdade, desde a publicação do livro: “The Limits of Growth”, de Dennis and Donella Meadows, em 1972, que sabemos que o paradoxo entre o modelo industrialização e crescimento económico exponencial que alimentamos e os limites do planeta, não se coaduna com nenhum tipo de optimismo, face à saúde do planeta.

Este paradoxo leva-me a uma breve, mas de certa forma, intrigante reflexão sobre o presente, o futuro e o passado da nossa relação com o planeta, como homens e como gestores. O planeta em que vivemos tem cerca de 4,5 biliões de anos. O homem moderno habita sobre a Terra há cerca de 200 mil anos, significando isto que, se a Terra tivesse 24 h de idade e tivesse nascido às 00h00, os humanos teriam surgido aos 23h 58min 43s.  A grande Revolução Industrial deu-se por volta de 1850, o que curiosamente nos leva a concluir que em apenas em alguns segundos o Homem se arrisca a aparecer e desaparecer do planeta.

Este contexto é interessante para nós, como humanos e como gestores. Na verdade, apesar da gestão moderna só ter surgido em meados do século passado com Peter Drucker, podemos afirmar que a profissão mais antiga do mundo é mesmo a de Gestor. Para os mais crentes, tudo isto é evidenciado, quando relemos a missão confiada por Deus ao primeiro Homem, ao qual confia a “gestão” e o “cuidado” de todos os bens da Terra. Na verdade não há mais nobre papel para o gestor do que cuidar dos bens que lhe são confiados e os fazer frutificar (as pessoas primeiro, se for um verdadeiro líder!). Quando o oposto sucede e a prosperidade expectada dá lugar a insucesso, o gestor perde, e a sua empresa também.

No Dia da Terra, como humanos e como gestores, sentimos a nossa missão de cuidar desta “Casa Comum”, como é apelidado o nosso Planeta pelo Papa Francisco em 2015? Ou queremos apenas extrair dela o seu potencial de curto prazo, sabendo que é certo o cataclismo futuro para as gerações que nos sucedem?

Peter Drucker dizia-nos que “a melhor forma de prever o futuro, é criá-lo”. Como gestores que somos, por natureza, queremos criar prosperidade e estar à altura da Humanidade e Responsabilidade que nos é inata, ou preferimos resignarmo-nos com “poucos segundos” que fatalmente nos sobram sobre a Terra?

Drucker perguntava em certa altura a Jack Welch, CEO da General Electrics, para testar a sua estratégia: “Se não estivesses nesse negócio, entrarias nele hoje?”, “Se não, o que farias?” e acrescentou posteriormente: “O que ias abandonar?”.

E nós, há algo que possamos abandonar ou agarrar neste dia de celebração da Terra?

Filipa Pires de Almeida, Docente na CATÓLICA-LISBON