Invenção e inovação: uma dança que move a humanidade

CATÓLICA-LISBON
Segunda, Julho 8, 2024 - 12:45

Conheça a história de Alex e a Joana. Se ter boas ideias é importante, então saber levá-las ao mercado é absolutamente apaixonante.

Numa cidade movimentada onde a criatividade e o comércio prosperavam, viviam dois vizinhos, o Alex e a Joana. Embora andassem pelas mesmas ruas e respirassem o mesmo ar, os seus percursos eram notavelmente diferentes.

Um era um inventor, a outra uma inovadora. Esta é a sua história, um conto de como a invenção e a inovação dançaram juntas, por vezes pisando os pés uma da outra, mas sempre seguindo em frente.

Capítulo 1: O nascimento de uma ideia

Desde pequeno, o Alex sempre se sentiu fascinado pelo desconhecido. A sua mente era um turbilhão de curiosidade, questionando constantemente como é que as coisas funcionavam. Passava horas numa pequena oficina, a mexer em aparelhos e geringonças, sonhando com novas invenções. Após meses de trabalho dedicado, o Alex inventou um dispositivo revolucionário - um gerador de energia portátil que podia aproveitar a energia do vento, do sol e do movimento. Era diferente de tudo o que o mundo já tinha visto.

A notícia da invenção de Alex espalhou-se rapidamente. As pessoas ficaram impressionadas com o seu génio e ele recebeu elogios da comunidade científica de todo o mundo. No entanto, apesar do burburinho, a invenção ficou inativa, a ganhar pó na sua oficina. Alex tinha criado algo totalmente novo, algo extraordinário, mas faltava-lhe uma forma de o fazer chegar às pessoas que dele poderiam beneficiar.

Capítulo 2: A faísca da inovação

Enquanto isso, Joana era uma personalidade completamente diferente. Enquanto a mente de Alex fervilhava de invenções, o coração de Joana batia ao ritmo da inovação. Joana era uma solucionadora natural de problemas, sempre procurando maneiras de melhorar a vida das pessoas ao seu redor. Tinha o dom de ver potencial em ideias existentes e de as transformar em algo acessível e valioso.

Um dia, enquanto visitava o seu amigo Alex, Joana viu o gerador de energia. Ficou imediatamente cativada, não apenas pelo dispositivo em si, mas pelas possibilidades que este encerrava. Joana reconheceu que a invenção de Alex tinha o potencial de mudar vidas, mas precisava de ser aperfeiçoada, adaptada e sobretudo colocada no mercado. A mente de Joana estava cheia de ideias sobre como integrar este gerador na vida quotidiana, como torná-lo acessível e fácil de utilizar.

Capítulo 3: Construir uma ponte

Joana propôs uma parceria a Alex. Juntos, transformariam a invenção numa inovação que poderia iluminar casas, alimentar pequenas empresas e até apoiar comunidades remotas. O Alex, embora inicialmente hesitante, concordou, apercebendo-se de que a visão e a motivação de Joana complementavam as suas próprias capacidades criativas.

O caminho não foi fácil. Enfrentaram inúmeros desafios - contratempos técnicos, problemas de financiamento e ceticismo dos potenciais utilizadores. No entanto, o otimismo e resiliência da Joana e as capacidades técnicas e de trabalho do Alex mantiveram-nos em movimento. Repetiram o design, simplificaram a interface do utilizador de acordo com as reações iniciais de potenciais clientes e reduziram os custos de produção, em busca de um modelo de negócio sustentável, que tornasse o gerador acessível àqueles que mais precisavam dele.

Capítulo 4: A primeira faísca

O seu trabalho árduo valeu a pena. O gerador de energia, aperfeiçoado para ir de encontro à realidade dos futuros utilizadores, foi lançado e rapidamente ganhou tração. Era mais do que um simples produto; era uma solução para um problema premente. As pessoas das zonas rurais, anteriormente sem eletricidade fiável, podiam agora alimentar as suas casas e empresas. Os pequenos empresários viram a sua produtividade aumentar e as comunidades começaram a prosperar.

A equipa formada pelo Alex e pela Joana viu com satisfação os seus esforços combinados transformarem vidas. A invenção que antes era uma mera curiosidade numa oficina era agora um motor de esperança e progresso. O mundo viu o gerador não apenas como uma maravilha tecnológica, mas como uma inovação prática e transformadora de vidas – um produto com aplicação prática que criou um mercado rentável.

Capítulo 5: O coração da inovação

À medida que a popularidade do gerador crescia, Alex e Joana refletiam sobre a sua viagem. Alex percebeu que, enquanto a invenção era a semente, a inovação era o desabrochar. A invenção exigia criatividade e a coragem de explorar o desconhecido. A inovação, por outro lado, exigia uma visão do futuro e a tenacidade de dar vida a essa visão.

Compreenderam que esta dança entre a invenção e a inovação criava um potencial inesgotável e que cada passo em frente exigia equilíbrio, visão e colaboração. Uma invenção sem inovação era apenas uma ideia brilhante fechada num cofre, com o seu potencial por explorar. A inovação pegava nessa ideia, alimentava-a e libertava-a, permitindo-lhe crescer e causar impacto. O Alex continuou a inventar, sendo a sua oficina um paraíso para novas ideias. A Joana continuou a inovar, procurando sempre formas de transformar essas ideias em realidade.

Capítulo 6: Inspirar um ecossistema

A história de sucesso do Alex e da Joana espalhou-se, inspirando uma nova geração de inventores e inovadores. As mentes jovens foram encorajadas não só a sonhar em grande, mas também a pensar na forma como os seus sonhos poderiam ser realizados e partilhados com o mundo.

As escolas e universidades começaram a ensinar a importância tanto da criação como da aplicação, numa colaboração sem precedentes entre engenharias e ciências de um lado e a gestão do outro.

A cidade continuou a prosperar, um testemunho da parceria duradoura entre invenção e inovação. Os fundadores - Alex e Joana - permaneceram no centro deste ecossistema vibrante, orientando jovens empresários e promovendo uma cultura de sinergia entre criatividade e aplicação prática.

Epílogo: O legado

Os anos passaram e a cidade transformou-se num centro de avanços tecnológicos e progresso social. O legado de Alex e Joana não estava apenas nos seus produtos, mas na sua filosofia. Eles mostraram que a viagem de uma ideia até à sua concretização como negócio era um esforço de colaboração, uma viagem que exigia tanto o brilhantismo da invenção como o sentido prático da implementação – uma visão resultante de uma empatia fundamental com os futuros utilizadores e subsequente capacidade de criar modelos de negócio que permitam a ambos os lados do mercado beneficiar de novas tecnologias, novos produtos, novas aplicações.

No final, a história do Alex e da Joana recorda-nos que, embora a faísca da invenção acenda a chama, é o sopro da inovação que a mantém acesa. Juntos, iluminaram o caminho para outros, mostrando que o verdadeiro poder de uma ideia não reside apenas na sua criação, mas na sua capacidade de mudar o mundo. É também uma história que nos encoraja a todos a abraçar a nossa criatividade, a procurar soluções práticas e a trabalhar em conjunto para construir um futuro melhor.

Em 2020 vi uma estatística publicada num estudo do Global Entrepreneurship Monitor que me impressionou e que tem informado o meu trabalho de educadora e consultora desde então. Num inquérito à atividade de inovação nas PMEs europeias, verificaram que Portugal era o país em que maior número de PMEs tinha capacidade de criação de novos produtos ou tecnologias (surgia no primeiro lugar no ranking dos 27 países) – Yupi, sentimento de orgulho! - mas, logo de seguida, o regresso à realidade, pois o nosso país estava apenas na 16ª posição no ranking de criação de valor de negócio através dessas novas criações.

Para os aspirantes a empresários que me possam estar a ler, a mensagem é clara: para criar negócios de sucesso, é fundamental saber combinar estas duas competências – invenção e inovação - de forma produtiva, por muito tempo, com muita dedicação.

E, aqui para nós, se ter boas ideias é importante, então saber levá-las ao mercado é absolutamente apaixonante!

Silvia Almeida, Professora da CATÓLICA-LISBON