Estudo: “Preocupações atuais da sociedade portuguesa: habitação, níveis de emigração e imigração e saúde” procurou compreender as perceções e atitudes dos cidadãos relativamente a temas que dominam o debate público, nomeadamente saúde, habitação e migração.

Lisboa, 13 de outubro de 2025 – A maioria dos portugueses inquiridos no último estudo do Observatório da Sociedade Portuguesa Behavioral Insights Unit, em julho de 2025, da Católica Lisbon School of Business and Economics, revela um sentimento de insatisfação e preocupação perante a saúde, a habitação e os fluxos migratórios em Portugal. As conclusões resultam do estudo “Preocupações atuais da sociedade portuguesa: habitação, níveis de emigração e imigração e saúde”, que procurou compreender as perceções e atitudes dos cidadãos relativamente a temas que dominam o debate público.

Os resultados revelam um quadro de descontentamento em relação ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). 89,6% dos inquiridos consideram que o estado atual do sistema está a conduzir à deterioração da qualidade dos cuidados prestados, enquanto 85,1% receiam não vir a obter a assistência necessária em caso de doença. A incerteza quanto ao futuro é também evidente: 80,9% preocupam-se com a possibilidade de pagar mais pelos cuidados de saúde e 84,6% receiam que o SNS possa afetar negativamente a sua qualidade de vida. Ainda assim, 44,7% afirmaram não ter sentido necessidade de contratar um seguro de saúde, o que sugere que, apesar da desconfiança generalizada, o recurso a alternativas privadas ainda não se consolidou como prioridade dominante.

A insatisfação dirige-se sobretudo às entidades responsáveis pela gestão do sistema: 64,2% dos inquiridos estão insatisfeitos com o Governo e 56,8% com a atuação da Direção-Geral da Saúde. Em contrapartida, há uma maioria que valoriza o esforço e a competência dos profissionais de saúde, com 57,3% a expressarem satisfação com médicos, enfermeiros e técnicos auxiliares.

Apesar dessa valorização, as listas de espera continuam a afetar o acesso equitativo aos cuidados: 37,4% dos participantes admitem ter adiado consultas ou tratamentos com alguma frequência, devido a tempos de espera prolongados.

Quando questionados sobre os sentimentos face à situação habitacional, a maioria dos participantes (65%) relata viver em casa própria, mas 36,4% indicam gastar mais de 30% do rendimento do agregado em renda ou prestações, revelando um agravamento de 3,6 pontos percentuais face a julho de 2024. Metade dos inquiridos (51%) manifesta receio quanto à possibilidade de continuar a ter acesso a uma habitação adequada e 65,3% estão preocupados com a evolução dos preços.

Relativamente às opiniões sobre os fluxos migratórios, a preocupação com a imigração atinge 72,4% dos inquiridos, enquanto a inquietação com a emigração, embora mais moderada (41%), diminuiu significativamente face a 2024,

ano em que alcançava 70,1%. Apesar desta diferença, o estudo evidencia consenso quanto à necessidade de reduzir ambos os fluxos: 76,1% defendem uma diminuição da imigração e 77,5% consideram desejável conter a emigração.

Em linha com esse sentimento, uma proporção significativa dos inquiridos associa a imigração ao aumento da pressão sobre os serviços públicos, nomeadamente saúde (42,2%), educação (33,4%) e habitação (46,3%), o que reforça a perceção de sobrecarga dos sistemas coletivos e de escassez de recursos.

De acordo com Rita Coelho do Vale, coordenadora da Behavioral Insights Unit da CATÓLICA-LISBON, “a conjugação entre a fragilidade percebida do SNS, a pressão económica associada à habitação e a preocupação com as dinâmicas migratórias traduz um clima de incerteza que ultrapassa cada um destes temas isoladamente. O sentimento dominante é o de uma sociedade em alerta, que reconhece a necessidade de respostas estruturadas e sustentáveis para garantir a qualidade de vida e o equilíbrio social no futuro próximo”.

O Observatório da Sociedade Portuguesa da Católica Lisbon School of Business and Economics, apoiado pelo Behavioral Insights Unit, realizou o estudo “Preocupações atuais da sociedade portuguesa: habitação, níveis de emigração e imigração e saúde (julho, 2025)”, entre 10 e 18 de julho de 2025. Com uma amostra constituída por 1134 participantes do Painel de Estudos Online da CATÓLICA-LISBON, dos quais 615 do sexo feminino e 519 do sexo masculino, de idades compreendidas entre os 20 e os 69 anos. 17.4% dos participantes possui entre 18 e 29 anos de idade, 19.7% possui entre 30-39, 22.6% entre 40-49, 21.6% entre 50-59 e 18.2% entre 60-69 anos de idade.