Sobre esta matéria, os eleitores devem conhecer a posição dos candidatos à presidência da Câmara do Porto antes das eleições autárquicas
Em 2007, a Associação Comercial do Porto (ACP) − liderada pelo futuro presidente da câmara do Porto − com a legitimidade de a cidade ter o segundo aeroporto do país, posicionou-se contra o desperdício de dinheiros públicos da construção de raiz de um Novo Aeroporto de Lisboa, contrapondo a alternativa dual com um apurado estudo financeiro (Universidade Católica), o qual provava que manter o aeroporto na Portela operacional poupava 3,6 mil milhões €.
1 - Os termos da equação aeroportuária-ACP 2007 são agora até mais gravosos:
Há dezoito anos, o que estava em causa era a racionalidade do investimento aeroportuário face à procura esperada e à equidade territorial na abordagem aos projetos estratégicos, as mesmas questões de fundo que agora se voltam a colocar.
De facto, por um lado, o aeroporto-Portela foi, entretanto, objeto de expressiva melhoria da infraestrutura aeroportuária/acessibilidade, o que, em caso de fecho, praticamente duplica o anterior investimento afundado e, por outro, a nova solução NAL-Vinci (em Alcochete) gera um sobrecusto de 15 mil milhões € em relação à inovação HUB-fusão, que mantém o aeroporto na Portela a funcionar com condições até mais favoráveis que as do aeroporto Sá Carneiro, conforme:
- Aeroporto-LISBOA longo prazo: daqui a sessenta anos, a procura chega a 329.808mov (projeção VINCI) e atinge o patamar de maturidade. Com o HUB-fusão, o aeroporto Portela-citadino (médio curso sem voos à noite) passa a ter a soleira de aterragem a 1,5km da vedação e processará apenas 115.000mov (1/3), ficando Alverca-longo curso com o restante.
- Aeroporto-PORTO longo prazo: com igual incremento, atingirá 152.321mov (Portela 115.000) e continuará com voos à noite (duas horas). Além disso, a chegada das aeronaves por sul – a mais penalizante nos dois aeroportos – é um pouco pior: após atravessar o rio (Douro 0,6km X Tejo 2km), o sobrevoo de área urbana é maior que em Lisboa (9,3km X 7,7km) e há habitantes mais perto da soleira de aterragem na pista (0,6km X 2,3km).
2 – O aeroporto-Portela enquadrado na reengenharia fusão será mais amigável que o aeroporto Sá Carneiro e sem ponderosas razões que justifiquem o seu fecho:
2.1 - Por eficiência não será: o inovador HUB-fusão com capacidade 105mov/h baterá o recorde mundial de aeroporto-2 pistas (90-95mov/h) e a nova pista Alverca paralela à da Portela, será a mais eficiente europeia de 4.000m por ter trajetórias sobre água nos dois topos.
2.2 - Por excesso de movimentos aéreos ou por ruído excessivo e noturno não será: o aeroporto Portela-citadino terá menos movimentos que o Sá Carneiro e não opera à noite. Os dois aeroportos em número de pessoas afetadas por ruído acima de 65dB estão abaixo da média europeia daqueles que estão perto da cidade e processam mais de 10-15 milhões de passageiros ano.
2.3- Por economia não será: a atual alternativa VINCI de aeroporto-2 pistas afastadas 2.390m, tem um sobrecusto global (aeroporto + acessibilidade rodoferroviária) de mais de 15 mil milhões € em relação ao HUB Fusão Alverca-Portela (que é mais potente).
2.4 - Por rapidez não será: o HUB fusão não precisa de mudanças militares, nem de ponte Chelas-Barreiro e o aeroporto Alverca tem área disponível + 1/3 do sistema de pistas + manutenção aérea (OGMA) + estação na Linha do Norte.
2.5 - Por razoabilidade ambiental não será: resolver o ruído de Portela-citadino acima de 65dB (200-250 pessoas) significa isolar 100 habitações (custo até 0,5 milhões €) ou, no absurdo, oferecer 100 novas habitações (custo até 25 milhões €), uma gota de água do impacte ambiental (e custo) da mudança de um grande campo de tiro aéreo (7.500ha), de um aeroporto gigante de raiz, da maior ponte rodoferroviária europeia e de mais 50km da ligação AV Lisboa-Porto.
3 – Colocar em primeiro lugar a equidade territorial e as necessidades básicas da população nacional
O governo pode endividar o país para a VINCI − o maior conglomerado europeu de construção & concessões − construir em Lisboa projetos de mobilidade megalómanos ou optar pelo eficiente HUB-fusão e, com a vultuosa poupança, pode completar a rede de Alta Velocidade (ligações AV Lisboa-Madrid, Lisboa-Porto e Porto-Vigo) e, mesmo assim, sobra dinheiro para resolver, nomeadamente, as carências de habitação social de todo o país.
O Porto é a capital da região mais populosa e tem o segundo maior aeroporto, o que significa que os seus representantes têm legitimidade para se pronunciarem sobre os gastos públicos e a estratégia aeroportuária com repercussão nacional.
Em 2007, as forças económicas do Porto foram claras na preferência de uma solução que somasse dois aeroportos (desligados), mantendo o existente aeroporto-Portela, por ela evitar um sobrecusto de quase 4 mil milhões €.
Hoje, existe a inovadora mais-valia de fundir dois aeroportos em vez de somar, a qual baixa o impacto do aeroporto-Portela para o nível do aeroporto Sá Carneiro e evita um sobrecusto quatro vezes maior que o anterior. O que será então que leva os representantes do Porto a agora ficarem calados?
Luis Janeiro, Professor na CATÓLICA-LISBON