Esta quinta-feira, dia 24 de novembro, realizou-se na CATÓLICA-LISBON a Conferência “Liderança Responsável para um Portugal com Futuro”, em parceria com o Jornal Expresso, tendo como intuito a apresentação do estudo “Liderança Responsável: em que consiste e que caminho para Portugal?” levado a cabo por investigadores da Católica Lisbon School of Business & Economics.

No ano em que comemora 50 anos de história, a CATÓLICA-LISBON abriu oficialmente as suas comemorações de aniversário com uma conferência que debateu um tema tão atual e pertinente como o da Liderança Responsável. Com os olhos postos no futuro, mas sempre vivendo o presente, o estudo apresentado debruçou-se sobre a análise exaustiva da literatura já existente sobre Liderança Responsável, desenvolvendo também uma parte empírica de entrevistas e questionários a centenas de líderes empresariais, que espelharam a dicotomia entre os estudos e a perceção da realidade.  

Nesta conferência, enquadrada na comemoração dos 50 anos de CATÓLICA-LISBON, palestrada por nomes como Filipe Santos, Dean da CATÓLICA-LISBON; Nuno Moreira da Cruz, diretor do Center for Responsable Business & Leadership da CATÓLICA-LISBON; Francisca Saldanha, Professora e Investigadora principal do estudo; Isabel Ucha, Presidentes do Conselho de Administração da Euronext Lisbon; João Pedro Tavares, Presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores; Ricardo Pires, CEO da SEMAPA e Rita Sousa Almeida, presidente da CATÓLICA-LISBON Students Union, tivemos a oportunidade de debater os comportamentos e opções dos líderes responsáveis, e a melhor forma de equilibrar os interesses dos diferentes stakeholders, numa prática de liderança exigente que construa um futuro mais sustentável .

A CATÓLICA-LISBON é uma escola de referência a nível mundial e, por isso, quis dar o pontapé de saída desta comemoração de cinco décadas de conquistas não apenas com uma celebração, mas também com algo tão importante como a partilha de conhecimento sobre a prática de liderança, algo que a Escola tem desenvolvido desde a sua fundação. Para Filipe Santos, Dean da CATÓLICA-LISBON, a preocupação principal desta escola sempre foi a de “criar uma forte comunidade focada no conhecimento, aprendizagem e na ação, porque o conhecimento sem ação não tem efeito e, por isso, esta conferência serve precisamente para a partilha de experiências e para a aposta na liderança responsável como ferramenta para o futuro”.  

Tornar o mundo num lugar melhor é o mote. As gerações mais novas estão a ajudar os líderes atuais a ser mais responsáveis e, acima de tudo, ambicionam elas mesmo serem líderes responsáveis. Quem o diz é a jovem aluna Rita Sousa Almeida, Presidente da CATÓLICA-LISBON Students Union “os líderes, na altura dos meus pais, viam-se de uma forma muito diferente. Enquanto donos da empresa, acreditavam e defendiam que conseguiam fazer tudo sozinhos. Agora já não é bem assim. O que se espera dos líderes do presente e do futuro – e espero que eu também seja essa líder – é que sejam mais dinâmicos, mais proativos, que tenham mais visão do futuro e que queiram acompanhá-lo não de forma individual, mas sim em equipa”. A aluna faz ainda um apelo para que “não se deixe de dar importância aos membros da equipa, porque só com todos a remar para o mesmo lado é que traremos mais resultados”, defendeu.  

Liderança Responsável. Afinal, o que é e como se pratica?

Não há como negar que o paradigma social e profissional tem vindo a mudar nos últimos anos. As novas gerações assumem uma nova visão sobre temas ligados ao mercado de trabalho, sustentabilidade e responsabilidade social e as empresas devem olhar para esta visão de forma evolutiva e positiva, adaptando-se às novas exigências da sociedade e olhando com outros olhos para as suas estratégias de negócio.

"Líderes responsáveis devem possuir as seguintes competências: relações com os stakeholders, ética e valores, autoconhecimento, compreensão de sistemas, mudança e inovação", pode ler-se no estudo conduzido pela CATÓLICA-LISBON. Em suma, aqueles que continuam a gerir negócios numa vertente meramente focada em resultados financeiros, dificilmente se adaptarão à nova realidade e contexto profissional evolutivo.

Os resultados obtidos através dos questionários e entrevistas – e reafirmados por Francisca Saldanha, Professora da CATÓLICA-LISBON e Investigadora Principal do Estudo durante a conferência, indicam que o "caminho a seguir para ser uma empresa de sucesso passa por ir para além do estabelecido por lei, e de tomar iniciativa no sentido de procurar soluções cada vez mais responsáveis e mais éticas”.

Nos questionários realizados, foram identificadas  cinco principais características como as mais relevantes para uma liderança responsável, devendo este ser o caminho a seguir:

  • Ética
  • Honestidade
  • Autenticidade
  • Fonte de inspiração
  • Humildade

 

Nuno Moreira da Cruz, diretor do Center for Responsible Business & Leadership, afirma que “há uma ligação entre as empresas sustentáveis, no sentido holístico, e os resultados financeiros a médio e longo prazo. As exigências da sociedade têm vindo a mudar as opiniões sobre liderança responsável. É importante que a liderança no futuro aumente a envolvência com os stakeholders”.

Uma boa liderança pode trazer bons resultados financeiros e cria empresas mais humanas – é nisso que acreditamos. Por isso, existem algumas vantagens da implementação da Liderança Responsável que nos parecem fundamentais aprofundar:

  • Enorme potencial para reter talento;
  • Equipa motivada e alinhada;
  • Identificação de novas oportunidades de criação de valor
  • Acesso facilitado a recursos que apostam na sustentabilidade

 

Para Isabel Ucha, Presidente do Conselho de Administração da Euronext Lisbon, as novas gerações estão a fazer uma pressão clara nas administrações, de forma a levá-las para um lugar mais igualitário “o que é ótimo”, nomeadamente pela exigência de se ter mais mulheres em cargos de chefia.

Qual o caminho para Portugal neste passo em direção ao futuro?

Portugal deve manter-se de olhos postos no futuro, de forma a acompanhar as tendências atuais de mercado – e não só. A CATÓLICA-LISBON orgulha-se de, no seu ADN, partilhar esta crença comum de que formar líderes responsáveis com auto-conhecimento, capazes de perceber o mundo e enquadrar os seus desafios, levar-nos-á a um mundo melhor, esforçando-se por adotar práticas educacionais inovadoras e frutíferas no que respeita à formação dos jovens – o futuro da sociedade.

Enquadrado neste pressuposto, Nuno Moreira da Cruz explicou-nos que a sociedade está cada vez mais exigente. As empresas ainda se preocupam muito e quase exclusivamente com os resultados financeiros, e isso é um problema. É obvio que sem lucro não haverá seguramente preocupações sociais e ambientais. Mas o que é também cada vez mais verdade é que sem essas preocupações dificilmente haverá sustentabilidade a médio e longo prazo. E este é o desafio de gestão que se coloca hoje aos lideres responsáveis..  

Para Francisca Saldanha, o grande desafio será criar negócios que, além de rentáveis, tenham um impacto claro e positivo no mundo. E este deve ser o caminho de todos os negócios e seus stakeholders. “Só se conseguirá ter negócios sustentáveis a longo prazo se eles forem responsáveis. Há orçamentos para gerir, resultados para entregar e, às vezes, temos de gerir equilíbrios que não são fáceis. Esse é o desafio. Sermos capazes de meter em cima da mesa tudo isto e arbitrar estas questões sem nos desviarmos do rumo”, defende, acrescentando ainda que “ser um líder responsável é um compromisso que vai além da gestão do negócio do dia a dia. Abrange uma responsabilidade para com a sociedade, comunidade e a responsabilidade política”.

Segundo João Pedro Tavares, Presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores, “nas empresas já se fala muito na Liderança Responsável e os próprios líderes já se debatem com esta realidade de que já não se assumem só como líderes, mas como pessoas. E começa a trabalhar com pessoas e não números. É preciso continuar-se a semear esta ideia, para que se lidere com propósito. Lidere com paixão”, reitera durante a sua intervenção na conferência da CATÓLICA-LISBON com o Jornal Expresso, acrescentando ainda que “o líder responsável é aquele que tem uma visão holística, que percebe que a sua empresa não acaba no portão de entrada ou saída, que vai para lá do finito, faz parte do presente e do futuro, que prepara bons sucessores”, termina. “E custa-me ter de adjetivar a liderança como responsável. O próprio conceito de liderança já devia ser completamente assumido por todos como um exercício de responsabilidade”

Ricardo Pires, CEO da SEMAPA e também palestrante desta sessão, debruçou-se sobre o facto de estarmos numa época de desafios, afirmando que “em vez de olharmos para um tempo atual de desafios e crise, devemos antes olhar para um tempo de oportunidades. Devemos criar retorno, sim, mas de uma forma ambientalmente sustentável e em linha com futuro, enquadrada neste período de mudanças e de oportunidades para fazermos mais e melhor”.   

Filipe Santos, Dean da CATÓLICA-LISBON, reitera que “desde que lançámos a escola que o tema da ética sempre foi algo que aprofundamos com os nossos alunos e com a comunidade. Isto porque acreditamos que os líderes devem basear-se em valores sólidos e comportamentos éticos, criando organizações baseadas na excelência e no mérito, em que os interesses individuais não se sobreponham ao bem comum. Atualmente, o exercício da liderança é cada vez mais exigente. Por isso, quisemos com este estudo aprofundar o que é uma liderança mais moderna e responsável”.

Terminamos com chave de ouro, citando João Pedro Tavares, Presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores, que deixa uma mensagem para a geração jovem: “para a geração futura, o meu conselho é procurar líderes que vos ensinem a saber, a ser e a fazer. Sejam a melhor versão de vocês mesmos. Os maiores competidores estão dentro de nós. Centrem-se nos outros, porque um líder responsável tem mais condições para ser mais feliz porque tem um propósito e uma missão para cumprir. Se fizermos da liderança apenas um cargo, estaremos a empobrecer”, elucida.

O caminho para Portugal? Tornar-se num país mais sustentável e inclusivo, em que todos tenham oportunidade de prosperar, e em que o mérito e a responsabilidade sejam encorajados

 O caminho para a CATÓLICA-LISBON? Continuar a atrair o melhor talento de professores e alunos, integrando investigação rigorosa com ensino inspirador, e lançando carreiras brilhantes que criem impacto positivo no mundo.