Equipas cujos supervisores têm coragem moral para ir além da compliance podem ser mais inovadoras

Quinta, Setembro 12, 2019 - 17:17

Qual é o efeito numa equipa quando o seu supervisor demonstra coragem de não só cumprir as exigências éticas básicas do seu trabalho, mas também de tomar decisões que tomem em conta aquilo que é certo e virtuoso? Um artigo científico recente dos investigadores da CATÓLICA-LISBON Maria Francisca Saldanha, Paulo Nuno Lopes e dos seus co-autores, publicado no Journal of Business Ethics, sugere que a coragem moral de ir além da compliance por parte de um supervisor pode ter um efeito para lá do domínio ético, aumentando a inovação em equipas que já tenham trabalho colaborativo de qualidade. 

Através de dois estudos, a equipa que reúne investigadores da University of East Anglia, da CATÓLICA-LISBON e da Universidade de Coimbra analisou o efeito da coragem moral dos supervisores para ir além da compliance sobre as equipas que lideravam, e publicaram os resultados sob o título "Does Supervisor’s Moral Courage to Go Beyond Compliance Have a Role in the Relationships Between Teamwork Quality, Team Creativity, and Team Idea Implementation?". Existem provas de que demonstrações pelo supervisor deste tipo de competências éticas melhoram as relações entre a qualidade do trabalho colaborativo de uma equipa, a criatividade da equipa, e a implementação de ideias. 

Concluíram que, devido aos seus impactos de promoção e de reforço, a coragem dos supervisores têm relevância para a inovação das equipas de duas formas. Por um lado, ao mostrar que se esforçam para fazer o que está certo, estes supervisores inspiram os membros das equipas a encontrar soluções novas, melhorar os serviços, criar valor, e servir bem os outros. Em segundo lugar, os supervisores que vão além da compliance mostram aos membros das equipas que os ajudariam a ultrapassar as dificuldades de levarem as suas novas ideias até à fase de implementação. 

“Uma organização que usa a coragem moral para ir além da compliance como um critério relevante para a seleção, treino ou desenvolvimento de supervisores pode acabar por não ter apenas um ambiente mais ético e justo, mas também mais inovador". 

Quais são as implicações práticas? 

Os resultados desta investigação têm implicações práticas relativamente à forma como a criatividade nas equipas e a implementação de ideias nas equipas podem ser fomentadas. Os investigadores recomendam, por exemplo, que os supervisores procurem desenvolver e revelar maior coragem moral para ir além da compliance. Esta competência pode ser treinada através de atividades de aprendizagem. 

Questionada sobre a importância de estudar este tema, Maria Francisca Saldanha respondeu: "Quando os supervisores demonstram a coragem moral de ir além da compliance, poderão estar também a fornecer pistas importantes aos outros sobre como podem ser enfrentados desafios laborais, não só no domínio ético mas também no de inovação." 

Os investigadores também sugerem que as organizações interessadas em fomentar a inovação nas equipas devem concentrar-se em desenvolver tanto a coragem dos supervisores em ultrapassar a compliance como a qualidade do trabalho de equipa, já que ambos têm um papel proeminente na inovação das equipas. 

Sobretudo, continuam os investigadores, "uma organização que usa a coragem moral para ir além da compliance como um critério relevante para a seleção, treino ou desenvolvimento de supervisores pode acabar por não ter apenas um ambiente mais ético e justo, mas também mais inovador".

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