O crescimento do PIB desiludiu no primeiro trimestre face às expectativas. Contudo, segundo as estimativas da Católica, o ritmo de expansão económica acelerou no segundo trimestre com a ajuda do investimento.

A Católica está optimista em relação ao crescimento da economia portuguesa no segundo trimestre. Depois do arranque do ano ter desiludido face às expectativas, o período de Abril a Junho deverá trazer melhores notícias: a estimativa do núcleo de estudos da Universidade aponta para um crescimento em cadeia de 0,6%, acima dos 0,4% registados no primeiro trimestre. 

O CATÓLICA-LISBON Forecasting Lab "estima que, no 2º trimestre de 2018, o PIB tenha registado um crescimento de 0,6% face ao trimestre anterior (0,4% no 1º trimestre de 2018) e uma variação homóloga de 2,4% (2,1% no mesmo caso)", lê-se na Folha Trimestral de Conjuntura publicada esta quarta-feira, dia 11 de Julho. 

Esta aceleração deve-se ao investimento que, segundo o Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP), "terá recuperado a bom ritmo no segundo trimestre". Além disso, a Católica diz que as exportações continuaram "a crescer de forma saudável", ainda que a um ritmo inferior ao do ano passado. No entanto, o consumo privado terá tido um desempenho "relativamente fraco devido a efeitos pontuais".
 
Apesar destas "oscilações pontuais" da expansão económica a cada trimestre, a previsão para o crescimento anual do PIB mantém-se inalterada em 2,4% para 2018, acima dos 2,3% previstos pelo Ministério das Finanças. "A economia da Zona Euro mantém a sua trajectória de recuperação, o que suporta uma trajectória paralela em Portugal", argumenta o núcleo de estudos da Católica, que mantém também a previsão de 2,2% para 2019 e 2% para 2020.

Os números oficiais sobre a evolução trimestral do PIB serão divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) a 15 de Agosto numa estimativa rápida e depois com dados mais detalhados a 31 de Agosto.
 
Católica alerta para "lentidão" da recuperação económica

Os factores estruturais da economia portuguesa continuam a ser o calcanhar de Aquiles do PIB potencial, o que influencia as previsões de médio e longo prazo feitas pela Católica. Na análise à economia de Julho, a NECEP começa por identificar o "elevado endividamento público e privado", mas também identifica fragilidades num indicador que tem registado melhorias expressivas nos últimos dois anos: o mercado de trabalho.

"A perspectiva de permanência da taxa de desemprego próxima dos 7% nesse mesmo horizonte [médio e longo prazo], um valor ainda relativamente elevado e acima do que poderá ser a taxa de desemprego natural, transparece a lentidão do processo de normalização da economia portuguesa", alerta o NECEP, referindo ainda a problemática da produtividade que afecta várias economias. 

Isto é, "a evolução da produtividade em Portugal é também atípica face a recuperações anteriores, com o desemprego a descer mais do que seria expectável tendo em conta a evolução do produto (PIB)".

Ainda assim, Portugal continuará a beneficiar de um ambiente externo positivo que sustenta a recuperação económica. "De um modo geral, o ambiente externo continua benigno, com boas perspectivas para a economia mundial", escreve o NECEP, assinalando que, apesar da guerra comercial ser uma ameaça, "os dados disponíveis não apresentam sinais óbvios desse acréscimo de risco político".