Nunca se ouviu falar tanto de saúde mental como nos dias que correm. O tema, antigo, mas reavivado pela pandemia e pelo teletrabalho forçado em 2020, é essencial e urgente. A doença mental há muito que é um tabu na sociedade, mas está a fazer o seu caminho para deixar de o ser. Deve ser abordada e discutida com naturalidade e seriedade. Especialmente no local de trabalho, onde passamos mais tempo no nosso dia-a-dia e onde o stress pode ser particularmente elevado. 

Assistimos a um crescimento exponencial nas doenças mentais em Portugal. O nosso país é indicado, pelo estudo The European Countries with the Highest Risk of Burnout, de 2021, como apresentando uma significativa prevalência de casos de burnout – ou seja, por ter mais trabalhadores a sofrer, ou em risco de vir a sofrer no futuro, desta doença. É preciso mudar mentalidades, estar atento aos sinais e, acima de tudo, agir a tempo, para que possamos contrariar estas métricas.  

A CATÓLICA-LISBON, enquanto instituição de ensino reputada, pode e deve usar a sua credibilidade em prol de causas fundamentais na sociedade portuguesa. Já o fez em inúmeras outras situações, e está agora a fazê-lo, com o Pacto para a Saúde Mental em Ambientes de Trabalho. Este é o primeiro pacto global, liderado pelo Center For Responsible Business & Leadership, para as empresas, desenhado para promover e acelerar a ação efetiva, na promoção da saúde mental dentro das organizações. 

 O Centre For Responsible Business & Leadership (CRBL) promoveu, no verão de 2022, o evento Mental Health in the Workplace Summit 2022, que decorreu no Campus da CATÓLICA-LISBON e teve como principal objetivo, para além de apresentar uma Research Note, elaborada em conjunto com a VdA, sobre o estado de arte da saúde mental em ambientes de trabalho, e promover o debate esclarecido sobre alguns dos tópicos mais relevantes nesta matéria, também teve como propósito mobilizar organizações e empresas para a assinatura de um Pact for Mental Health, que foi assinado, a partir de 8 de Novembro de 2022 (data em que foi oficialmente lançada a possibilidade da sua subscrição digital, no evento que lançou o Pacto e que teve lugar no auditório da Fundação Oriente) e que incluiu todas as empresas e organizações que dele quiseram fazer parte e que se foram juntando ao movimento.  

A CATÓLICA-LISBON não está sozinha neste caminho, tendo como parceira neste pacto a MindAlliance Portugal, uma organização sem fins lucrativos que procura transformar a cultura existente em ambientes de trabalho, por iniciativa e com envolvimento ativo das lideranças, de forma a promover a saúde mental dos seus colaboradores. Através da parceria com esta organização, as organizações que são parte do Pact for Mental Health in the Workplace são automaticamente parte de um Pledge global (o Global Business Collaboration for Better Workplace), com contornos semelhantes. 

O CRBL, que já conta com quatro anos de atividade, teve desde o início os seus objetivos e propósito bastante claros: quiseram desde logo lançar linhas de colaboração sistémica em alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), tendo lançado, há cerca de dois anos, o Pacto da Água, no âmbito do qual muita investigação e conferências têm sido realizadas e, mais recentemente, promovendo a Saúde Mental em ambientes de trabalho, atuando, desta forma, em eixos que consideram de máximo relevo para a comunidade corporativa.  

Depois de vários emails trocados e muita comunicação entre todos os representantes das empresas que quiseram fazer parte deste pacto, foi a meio de fevereiro de 2023 que aconteceu o primeiro Advisory Board, que contou com a presença de quase todas as empresas que assinaram o compromisso. 

Depois de cada um dos representantes das várias empresas se apresentarem e de o gelo “ter sido quebrado”, o Professor Frederico Fezas Vital, Diretor Executivo do pacto e moderador deste encontro, começou por apresentar a agenda de trabalho da reunião, sempre num diálogo aberto de partilha entre todos os membros participantes.  

Quais as empresas que se juntaram a este pacto? 

Entrar para o Pacto do Mental Health é um compromisso de que as empresas irão trabalhar, em conjunto, através da promoção de linhas de investigação que possam fazer sentido, bem como partilha de conhecimentos e boas práticas, começando ou continuando a implementar ações concretas nas suas organizações, de forma a promover a saúde e bem-estar dos seus colaboradores.  

Entre os membros do pacto, encontramos as seguintes 26 empresas:  

  • Abreu Advogados 
  • Accenture 
  • Grupos Ageas Portugal  
  • Águas de Portugal 
  • Ascendi 
  • BAI 
  • Bound 
  • BP 
  • Capgemini 
  • Cofidis 
  • Critical Software  
  • CTT 
  • Diaverum  
  • EDP 
  • Fidelidade (Multicare) 
  • Grupo Bel 
  • Linklaters 
  • Monliz 
  • Novo Banco 
  • Pfizer 
  • Portway 
  • REN 
  • RoundB 
  • Santander 
  • The Square 
  • Vieira de Almeida  

 

Quem faz parte do Steering Committee? 

O Steering Committee que será constituído pela própria Direção Executiva do CRBL, pela representante da MindAlliance Portugal e por cinco representantes de empresas que fazem parte do Pacto (que, neste ano, foram convidados pelo CRBL e que, nos anos seguintes, serão eleitos, em regime rotativo, pelo conjunto de todos os membros do Pacto, reunidos em Advisory Board) tem como principal objetivo, precisamente, apoiar na ativação, orientação e dinamização dos Grupos de Trabalho, nos quais estarão representadas todas as empresas que são membros do Pacto e que irão criar planos de ação em todos os 5 compromissos sobre os quais o Pacto se debruça, e que são os que seguem: 

1. Desenvolver e apresentar planos de ação para apoiar a boa saúde mental nas organizações, cujo líder do grupo será a AGEAS.  

2. Promover uma cultura empresarial de abertura em torno da saúde mental, trabalhando para eliminar o estigma, com o envolvimento ativo das lideranças e cujo owner do projeto será a EDP; 

3. Capacitar todos os colaboradores para gerirem e priorizarem a sua própria saúde mental e apoiarem-se mutuamente, sendo o líder do grupo o Santander. 

4. Encaminhar os colaboradores para ferramentas de saúde mental e para o apoio de que necessitem e cujo líder será a BP. 

5. Medir regularmente o impacto das iniciativas de saúde mental dentro das empresas, liderado pela VdA. 

Para além disso, o Steering Committee tem ainda as seguintes funções: 

  • Elaborar o Plano de Atividades e Comunicação Anuais; 
  • Estar ativamente envolvido nas principais iniciativas do Pacto. 

 

Que atividades serão desenvolvidas pelo Pacto? 

Existirão quatro tipo de atividades que serão o centro da intervenção do Pacto: 

  • Investigação – Abrir linhas de investigação em tópicos considerados relevantes; 
  • Produção de conteúdos educativos – desenvolver programas educativos, abertos ou customizados; 
  • Os chamados 3 AAA: 

Agregação –juntar as organizações que façam parte do Pacto com regularidade, mas também promover a interseção com outras entidades, grupos ou iniciativas que promovam o mesmo tópico.  

Aceleração – promovendo a colaboração entre diferentes entidades para a mudança sistémica, desenvolvendo conteúdos educativos ou gerando oportunidades de inovação social para as empresas. 

Awareness – Divulgação de iniciativas, casos, estudos e outras matérias, que contribuam para a consciencialização, mobilização de pessoas e organizações e para a eliminação do estigma no que se refere a esta matéria.  

Depois de todo este enquadramento e explicação de próximos passos, o grupo foi já partilhando algumas experiências ou dificuldades que têm sentido no âmbito desta temática, sendo que todas as empresas se mostraram bastante entusiasmadas por fazer parte de algo que, de facto, pode fazer a diferença e impactar de forma positiva centenas de pessoas e colaboradores.  

A expetativa do Diretor Executivo do Pacto, o Professor Frederico Fezas Vital, é que “a Direção do Pacto seja capaz de envolver ativamente este grupo dinâmico e motivado de organizações, por forma a que os resultados obtidos em todas as atividades desenvolvidas possam ser efetivos, mensuráveis e evidentes para todos. Temos a perfeita consciência de que só dessa forma conseguiremos atingir os níveis de adesão necessários para que este movimento atinja todo o seu potencial. E estamos convictos de que temos a competência e a capacidade para fazer com que isto aconteça. Agora precisamos que se juntem mais organizações – o nosso objetivo é chegar às 100 organizações ainda este ano – para que o impacto possa ser ainda muito maior.”  

No final, foi ainda lançado um novo desafio às empresas já pertencentes ao Pacto: juntos, fazemos a diferença, portanto, cada empresa leva para casa o desafio de trazer mais empresas para o Pacto, consciencializando-as para a importância que este tema tem – e cada vez mais terá – no mundo corporativo.   

É da responsabilidade da CATÓLICA-LISBON, com este pacto, criar awareness junto das empresas portuguesas para a temática, transferir conhecimento de forma a contribuir para a consolidação do tema e elaborar artigos académicos que sejam relevantes e permitam acompanhar a evolução desta temática. 

Está nas mãos dos líderes mudar mentalidades e quebrar o aumento exponencial de casos de doença mental em Portugal.  

As organizações interessadas que se quiserem inscrever, poderão fazê-lo preenchendo um formulário simples (neste link) e proceder ao pagamento de uma contribuição simbólica anual de 1.000 €. 

Qualquer dúvida sobre o Pacto para a Saúde Mental em Ambientes de Trabalho, poderá ser colocada através do envio de um e-mail para o Diretor Executivo do Pacto - Professor Frederico Fezas Vital (ffezas@ucp.pt).