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“Mais de metade dos alunos de mestrado são estrangeiros”

Segunda, Outubro 28, 2019 - 09:34
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Expresso

Não contava liderar (pelo menos para já) a Católica Lisbon School of Business & Economics, mas aceitou as funções com sentido de missão. Tem um ano e meio de mandato pela frente (o antecessor, Nuno Fernandes, saiu a meio do cargo de três anos) e não se atreve a fazer o balanço de seis meses como diretor da melhor escola de negócios nacional em 2018, segundo o jornal britânico “Financial Times” (FT).

Consciente do ativo que tem entre mãos, sabe que a equipa não pode ficar sentada, “temos de continuar a inovar e a criar valor para os nossos stakeholders”. O campeonato das escolas de negócios joga-se a nível internacional e só assim se cresce. O clima, a segurança, o custo de vida baixo (“apesar da subida dos preços na habitação”) ajudam mas não fazem milagres. “Portugal é dos poucos países com várias escolas de gestão nos rankings mundiais, e isso atrai alunos e professores internacionais”, diz Filipe Santos. Quatro instituições portuguesas constam do ranking global do FT.

“A Católica Lisbon é pioneira em sucessivas vagas de inovação: foi a primeira com mestrados internacionais a ter acreditação, a lançar uma área forte de formação executiva e os executive masters, que são um híbrido entre formação executiva e programas de grau”, aponta. Porém, estas conquistas de âmbito académico têm de ser acompanhadas por mudanças “mais disruptivas”. Para responder aos desafios sobretudo da “digitalização”, onde se incluem os modelos de life long learning (aprendizagem ao longo da vida) e de digital learning (ensino com recurso à internet). Há que “pensar em quais são os modelos de investigação mais adequados à escola de negócios do futuro”, aponta o diretor.

Entretanto, foi criado um gabinete de inovação, “com um diretor próprio, que apenas pensa nesta área”. É que, faz notar o professor catedrático, “há uma diferença entre inovação incremental e inovação disruptiva ou radical, que, normalmente, não é feita pelas pessoas no dia a dia. É preciso ter alguém que se dedique só a isso”.

Comunicar melhor o que está a ser feito na escola também é prioritário, com foco na área da investigação. “Temos professores e investigadores de renome mundial”, sublinha, e é necessário dar isso a conhecer. “Passámos a ter um diretor que agrega as diferentes áreas do marketing e da comunicação para divulgarmos o nosso projeto académico.”

NOVAS INSTALAÇÕES

“Quando se junta a competência académica com o contexto favorável à volta de Lisboa e de Portugal, gera-se uma competitividade forte. E há mercados que gostam muito de Portugal, como a Alemanha. Mais de metade dos alunos dos mestrados, cerca de 400 por ano, são internacionais e, desses 200, 40% são alemães e são excelentes. Temos também muitos franceses, nórdicos e italianos.”

A procura e as novas exigências do ensino têm sido um desafio para o espaço físico da Católica Lisbon. Os auditórios devem ser menores, pois há trabalhos de grupo que implicam a reunião de alunos em pequenos espaços. A faculdade tem vindo a improvisar, mas não tem mais por onde se expandir.

Tal como fez a Nova School of Business and Economics (SBE), com uma nova casa em Carcavelos, também a Católica Lisbon irá ter outras instalações, avança Filipe Santos. Há um plano “discutido e aprovado ao nível da Universidade Católica de Lisboa e um projeto de arquitetura que será anunciado muito em breve. Crescemos em formação executiva, nos mestrados e também nas licenciaturas”, esclarece, e por isso será construído um edifício moderno num terreno próximo da atual escola (que fica na Palma de Cima, em Lisboa), que também é propriedade da universidade — “vai estar localizado numa lógica de campus e promovendo a interdisciplinaridade entre as faculdades da Católica. As obras devem arrancar ainda durante o meu mandato”, sinaliza o responsável, que não divulga o valor do investimento nem a forma de financiamento.

PARCERIAS COM RIVAIS

Embora rivais, a Católica Lisbon e a Nova SBE perceberam que no mercado global dos MBA (mestrados em Gestão de Empresas) ganhavam mais em unir-se. O Lisbon MBA nasceu há vários anos da parceria entre as duas instituições e agrega ao projeto a MIT Sloan School of Management (EUA). Filipe Santos considera que há mais áreas em que as duas instituições académicas poderiam dar as mãos. “Temos uma relação engraçada com a Nova SBE: há áreas em que competimos, de forma saudável mas feroz, e outras nas quais cooperamos, porque há vantagens para todos, incluindo para o país, em unirmo-nos. O Lisbon MBA é uma delas, tem tido bons resultados e é para continuar”, menciona o diretor, que identifica que poderiam colaborar nos programas de doutoramento, que “necessitam de uma escala grande em termos de recursos científicos e, juntando as valências de várias escolas, podemos ter uma marca competitiva”.

Outra aposta é crescer na formação para executivos – vale quase 50% das receitas da Católica Lisbon (a universidade não revela os orçamentos das várias faculdades). Também aqui o mercado interno estagnou e impõe-se a internacionalização. “É uma área importante pela receita e margem que nos traz, mas também pela proximidade com as empresas. Temos como clientes quase todas as grandes empresas portuguesas e isso dá-nos um entendimento grande sobre a vivência e as dificuldades dos negó­cios.” Por ano, três a quatro mil pessoas participam em cursos de formação para executivos e a escola assume-se com líder nestes serviços. “A atividade cresceu bastante, mas nos dois últimos anos tem estabilizado. Estamos a começar a internacionalizar e já temos grandes clientes estrangeiros, como o Banco Europeu de Investimentos”. revela Filipe Santos.

DEVE HAVER CONTINUIDADE

Sobre a governação do país no que toca à economia, o investigador indica que, “curiosamente, houve um caminho de consistência nos dois últimos Governos [de Passos Coelho e de António Costa], mais do que aquilo que as pessoas querem afirmar ou aparentam. E a consistência e a continuidade de políticas são fundamentais para o progresso”. O catedrático fala do “esforço muito grande do anterior Governo de redução do défice, de identificar os gastos escondidos na economia. E, depois, a famosa ‘geringonça’ continuou esse trabalho e, no essencial, manteve um grau de consolidação orçamental que foi importante para completar o ciclo. Portugal conseguiu porque foi um esforço de oito anos”. Na sua opinião, o aspeto mais negativo foi o investimento público, “que deveria ter crescido mais cedo e tem sido muito lento a arrancar”. A continuidade das “políticas públicas que são boas é fundamental, porque qualquer transformação requer dois ciclos eleitorais”.

No empreendedorismo social também tem havido consistência, assinala. Trata-se da sua “paixão” e à qual o professor dedicou a carreira, com trabalho reconhecido mundialmente. “A beleza da inovação social é que não tenho de ser eu enquanto governante a determinar que iremos trabalhar uma área específica, sou eu como cidadão que olho para o problema e que procuro resolvê-lo com ferramentas novas. Há excelentes exemplos em Portugal”, aponta.

1800

é sensivelmente o universo de alunos da Católica Lisbon, dos quais 910 de licenciatura, 730 de mestrado (que devem duplicar nos próximos 10 anos) e cerca de 170 nos executive masters.

60

nacionalidades diferentes no campus, incluindo os alunos em intercâmbio (fazem cá uma parte do curso). Nos últimos cinco anos, entre 30% e 54% dos estudantes de mestrado são estrangeiros. Há alemães, brasileiros, franceses, suecos e italianos, entre outros.

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