Um dos nossos pilares no Center for Responsible Business & Leadership é a dimensão da Liderança Responsável. Hoje é Dia do Pai e para nós, do Centro, ser um líder responsável vai muito além de ser apenas um líder executivo responsável – ser um pai responsável também é uma característica fundamental de uma liderança responsável.

Decidimos desafiar Rui Diniz, CEO da CUF, a partilhar convosco o que pensa sobre o assunto. Aqui está - tenho certeza que você vai gostar deles tanto quanto nós!

Nuno Moreira da Cruz, Diretor Executivo do Center for Responsible Business & Leadership

Foi com surpresa que recebi o convite do Nuno Moreira da Cruz para escrever um texto sobre o Dia do Pai para a newsletter dominical do Center for Responsible Business & Leadership da Católica. Afinal de contas, não me considero particularmente mais habilitado do que qualquer outro para partilhar a minha vida e a minha experiência enquanto pai. Sobretudo de uma forma tão alargada e para tantas pessoas, seguramente com  mais experiência como pais do que eu. Mas depois de uma conversa com o Nuno e de uma consulta com a minha mulher…decidi avançar.

A forma como o vou procurar fazer parte da minha experiência pessoal, numa lógica de testemunho e não pretende, de forma alguma, constituir-se como um conceito ou mesmo uma boa prática - como é muitas vezes o perfil desta newsletter - mas apenas um exemplo vivido e experimentado, com as suas dificuldades, mas também com as alegrias desta aventura absolutamente extraordinária que é ser pai.

Antes de prosseguir, uma nota biográfica relevante: sou casado e tenho cinco filhos entre os 20 e os 13 anos, três raparigas e dois rapazes; a nível profissional, sou economista e trabalho na CUF.

E gostava de partir exatamente desta coexistência, entre a minha vida familiar e a minha vida profissional, para partilhar algumas das minhas reflexões. Peço que as  tomem como sendo de um Pai que falha muitas vezes no que agora vai expor mas que procura todos os dias fazer melhor:

  • Os planos familiar e profissional não estão - como muitas vezes são colocados - em contradição ou conflito; antes pelo contrário, reforçam-se mutuamente. Uma experiência positiva na família, e enquanto pai, tem sido muito contributiva para uma boa vida profissional, assim como, a qualidade do meu desempenho profissional é um factor importante na minha vida familiar. São, por isso, na minha perspetiva, duas dimensões que devem ser entendidas e abordadas em conjunto, pois são partes integrantes da realidade que é a nossa vida e que não devem ser consideradas separadamente e menos ainda em conflito.
     
  • Mas, a relação entre estas duas vertentes da nossa vida não se esgota apenas nesta abordagem conjunta. Temos de ir para além disso na forma como as vivemos. Os valores e o modo como vivemos, enquanto pais e enquanto profissionais, devem ser coerentes. É importante que haja unidade de vida na atitude, nos valores, na relação com os outros, e na autenticidade com que estamos em cada momento da nossa vida. Não é bom que abordemos a nossa vida pessoal enquanto pais com um conjunto de valores que não vivemos no nosso dia a dia profissional. Ou que, ao contrário, sejamos muito diligentes e profissionais na nossa empresa e menos atentos em casa e para com os nossos filhos e a nossa família. Não faz sentido, até porque,nestes temas, dificilmente conseguimos ou devemos justificar ou compensar o que fazemos numa dimensão com o que deixamos de fazer na outra.
     
  • A experiência de ser Pai é um factor absolutamente fundamental do nosso desenvolvimento como pessoas e, seguramente, também como profissionais. Tenho aprendido muito enquanto Pai e isso tem feito de mim uma pessoa mais completa e também um profissional mais equilibrado. Isto porque a família, e o papel do pai nessa família, é um contexto de permanente aprendizagem da vivência em comunidade. A vida em família promove a necessidade de empatia para com a situação do outro, a capacidade de aceitar e de conviver bem com as diferenças e com as características de cada um, a disponibilidade para aprender com todos. O papel de pai prepara-nos para liderar pelo exemplo, para incutir confiança no futuro, para ser exigente, para dar ferramentas e permitir a autonomia sem deixar de acompanhar em cada momento. Ser pai ensina-nos a criar espírito de família, com objectivos e propósito comuns no respeito pela individualidade de cada um. A família - e por consequência ser pai - é, sem dúvida, uma grande aprendizagem para a nossa vida enquanto profissionais e enquanto líderes. Mas, antes de mais, é uma grande alegria e fonte de crescimento individual.

 

Feitas estas reflexões, no contexto destas duas dimensões tão importantes da nossa vida, quero deixar três notas breves que são para mim muito relevantes:

1. Enquanto Pai tenho beneficiado muito de, antes de tudo, também ser filho. Por esta razão, neste dia do Pai, não posso deixar de referir o meu pai com quem muito tenho aprendido ao longo da vida;

2. Enquanto Pai tenho beneficiado da companhia dos meus filhos, dos seus ensinamentos, da sua paciência, do seu amor; o Pai que sou é fruto de os ter como filhos e sou-lhes, por isso, muito agradecido.

3. Enquanto Pai tenho beneficiado muito de ser casado com a minha mulher, com quem tenho feito, em conjunto e em partilha permanente, este caminho. O Pai que sou beneficia muito de a ter ao meu lado.

Finalmente, não posso deixar de dizer que ser pai se reveste de um atributo que não tem paralelo, que não permite nenhuma comparação, que é verdadeiramente único: ser Pai implica um amor incondicional e absolutamente gratuito pelos nossos filhos; um amor que não depende deles, do que fazem ou do que são, mas que parte de nós e que resulta, fundamentalmente, da nossa condição de Pai; e um amor que é gratuito, que não precisa de retribuição, que se basta no dar, mesmo sem receber. E quanto a isto não há plano profissional ou qualquer outro que se possa comparar ou aproximar. E por isso é que ser Pai é absolutamente único e extraordinário! 

Rui Diniz
CEO da CUF 

Este artigo refere-se à edição nº 182 da newsletter "Have a Great and Impactful Week" e aborda o ODS 16.
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