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Nas economias mais frágeis veremos que o impacto da IA será gerado de forma transversal, mas será ele o fenómeno catalisador para gerar novas oportunidades de desenvolvimento e de aproximação entre diferentes estados do desenvolvimento das economias.

A tecnologia tem crescido de forma imparável em todos as indústrias, como suporte da sua atividade logística, na interação com clientes e no que se relaciona com todas as formas de organização da empresa. Com a introdução da inteligência artificial (IA) esta tendência acentua esse crescimento, ao ponto das pesquisas no Google sobre IA terem aumentado no último ano cerca de 800% e os modelos de linguagem digital terem crescido 20 vezes.

Torna-se evidente que o avanço da IA já está a produzir impacto nas capacidades de vídeo, imagem, áudio, produção de texto, etc.…, com incidência em praticamente todos os setores de atividade, tornando toda a lógica computacional e digital cada vez mais poderosa e eficiente.

Nos domínios da interação com o cliente, assistiremos à banalização da relação com chatbots, à otimização de campanhas de comunicação, à identificação de tendências de mercado, a par da leitura automática dos indicadores de gestão, que explicam as métricas de sucesso nos mais variados domínios da atividade comercial e de marketing.

O outro lado da balança, diz-nos que muitos postos de trabalho podem estar em causa, seja ao nível básico, intermédio ou superior da hierarquia da empresa. Na verdade, se a robótica pode substituir postos de trabalho rotineiros numa fábrica, também o número de postos de trabalho num departamento administrativo, financeiro, marketing ou mesmo na administração pode ser afetado, pela capacidade de a IA produzir respostas e criar rotinas de forma rápida, correta, processual e até criativa. Quando a mesma se torna eficaz na leitura de diagnóstico e estimativa de prognóstico, também ao nível do management poderemos encontrar ameaças, passando a existir um jogo de competitividade entre a tomada de decisão humana e a que resulta da IA. Em cada caso, o confronto ditará quem é mais essencial à empresa.

Em termos macro, será nos domínios da industrialização, eletrificação e renováveis que iremos verificar o maior impacto das realidades imersivas, seja pela engenharia robótica ou gestão espacial. Naturalmente, serão as grandes empresas e multinacionais aquelas que mais terão capacidade de resposta para abraçar os pesados níveis de investimento em IA, que requisitam enormes datacenters, capazes de superar o elevadíssimo custo da energia das operações. Mas só assim se asseguram os níveis de cibersegurança necessários para sobreviver num mundo web3, alimentado pela tecnologia blockchain e que assegura os níveis de confiança dos stakeholders.

Não esqueçamos também que o caminho de sustentabilidade também passa por aqui, à medida que se vai construindo um futuro cada vez mais digital e de conexão entre as diferentes fronteiras económicas.

Nas economias mais frágeis veremos que o impacto da IA será gerado de forma transversal, mas será ele o fenómeno catalisador para gerar novas oportunidades de desenvolvimento e de aproximação entre diferentes estados do desenvolvimento das economias.

A reflexão que todas as economias, indústrias e empresas devem fazer é saber se estão alinhadas com as tendências do futuro ou se resolvem perder por falta de comparência.

Pedro Celeste, Professor da CATÓLICA-LISBON