Um pouco por todo o mundo, governos enfrentam o desafio de criar políticas para lidar com crises inesperadas.
Nouriel Roubini, também conhecido por “Dr. Doom” ou “Doutor Catástrofe” abordou recentemente, no seu livro Megathreats (2022), o termo "hiper-incerteza" para caracterizar o atual estado do mundo, da sociedade e da economia, marcados por uma multiplicidade de riscos globais que interagem entre si e que inclui crises socioeconómicas, inflação, tensões geopolíticas, guerras, mudanças climáticas, pandemia e fatores tecnologicamente disruptivos, como a inteligência artificial.
Um pouco por todo o mundo, governos enfrentam o desafio de criar políticas para lidar com crises inesperadas. Da mesma forma, o nível de confiança das populações revela-se mais cauteloso ou, por contraposição, exagerado ou extremado. Também as empresas e os mercados financeiros, que sempre coexistiram com o risco, têm demostrado dificuldade em gerir eventos extremos de incerteza e imprevisibilidade.
Nesta era de “hiper-incerteza” ou de “mega-ameaças” é fundamental promover lideranças emocionalmente inteligentes, assertivas e consistentes, que se destaquem nas empresas, nas organizações públicas, na política e na sociedade em geral. A liderança e a inteligência emocional são cruciais para o desenvolvimento social e económico. As organizações e comunidades que não promovam estas competências estarão mais suscetíveis a ambientes tóxicos, improdutividade, falta de colaboração, má gestão, queda na criatividade, entre muitos outros fatores como, desmotivação, conflitualidade e tomadas de decisão impulsivas.
Ads delivered bySão raras as pessoas que apresentam características inatas para o exercício natural da liderança e da inteligência emocional; mas é certo e sabido que é possível desenvolver essas qualidades ao longo da vida, através do desenvolvimento pessoal, da formação, da orientação e do coaching. Também é certo que as organizações têm um papel importante na promoção destas competências, porque ao impulsionarem abertamente o seu desenvolvimento tornam-se mais prósperas a longo prazo, guiando as equipas no alcance do seu propósito e robustecendo a sua marca e imagem.
Os investigadores B. Laker, N. Weisz, V. Pereira e A. de Massis, publicaram, em 2023, um artigo no MIT Sloan Management Review (The Emotional Landscape of Leadership) sobre os efeitos práticos e diários da liderança e da inteligência emocional nas organizações, nas equipas e nos colaboradores:
Parar um momento diário para pensar no que está a sentir gera:
- Equipas 45% mais motivadas
- + 32% na produtividade geral
- + 38% na eficiência da tomada de decisões
- Ouvir opinião de mentores, colegas e subordinados pode melhorar em:
- 60% a adaptabilidade às mudanças
- 45% das relações interpessoais na equipa
- Dedicar-se a momentos de descompressão e reflexão gera:
- + 59% de produtividade
- – 42% de problemas relacionados com o stress
- + 51% de satisfação na equipa
- Reconhecer sentimentos pessoais e compartilhar as próprias falhas aumenta em:
- 66% os níveis de confiança na equipa
- 49% a coesão
- 38% a própria satisfação no trabalho
- Dedicar-se a desportos ou a atividades criativas e intelectuais promovem:
- - 56% de momentos de stress no trabalho
- + 47% de bem-estar geral
- + 43% de capacidade na resolução de problemas
- Adotar práticas de meditação, mindfulness e outros exercícios de respiração contribui:
- + 50% de resiliência emocional
- + 40% de clareza em situações de pressão
As conclusões indicam que a adoção e promoção das práticas e/ou atividades acima descritas, individualmente ou em equipa, contribuem de forma muito positiva para o bem-estar organizacional.
Tânia Sousa, Program Manager na CATÓLICA-LISBON