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A fusão Alverca-Portela é muito mais barata que Alcochete, mas foi retirada antes do comparativo económico.
O que fará Bruxelas quando descobrir que a fusão Alverca-Portela − mais potente e económica que a solução dual − foi excluída antes da partida de modo sui generis?
É sabido que a EUROCONTROL validou solução dual com Montijo (2016) como suficiente. Hoje, com a projeção para Lisboa até menor, o que se poderá esperar?
Para se perceber a exclusão da fusão Alverca-Portela, uma inovação mundial, temos de ter em conta o risco acrescido que ela representa para os defensores de Alcochete, por ser mais potente que a solução dual com Montijo que a entidade EUROCONTROL validou como suficiente (2016).
A fusão Alverca-Portela é muito mais barata que Alcochete, mas foi retirada antes do comparativo económico. O ministro que indicou (em despacho) Alcochete como o futuro aeroporto, nomeou, pouco depois, a autora – no tempo de José Sócrates − da matriz da escolha de Alcochete para presidir à comissão técnica (CTI), a qual agregou cinco responsáveis por áreas, restrito grupo que arbitrou que o custo/concessão não eram importantes no crivo preliminar. Assim, ficou de fora o responsável da área económica; mas não se ficou por aí, o da área da procura saiu (segundo a presidente por “não ter perfil para a função”) e o da área jurídica demitiu-se por discordar da abordagem ambiental (jornal ECO), o que afunilou a exclusão preliminar em três adeptos de Alcochete, que deste modo acabaram por sonegar à sociedade à sociedade a potencial poupança de 12 mil milhões de euros.
Sim, leu bem a grandeza. A equipa de apoio técnico só mais tarde entrou no processo e já sem a possibilidade de avaliar o estudo económico da fusão por esta ter sido excluída antes. Um processo sui generis.
A direção CTI achou “irrelevante” ser investimento privado (concessão) ou público (nacional-UE). O esforço de Alcochete é ainda mais pesado que no passado por já não se contar com as receitas vendidas (2012-2062) aquando da concessão. Por isso, as ampliações económicas de aeroportos existentes (Portela com Montijo ou Alverca) são as únicas que podem ficar a cargo da concessionária, com a execução a ser por ela contratada no modo que mais lhe convier.
Já Alcochete de raiz (e mega acessibilidades) terá de ir a demorado concurso internacional, precisa de muito, mas mesmo muito, dinheiro público − ir a Bruxelas é uma inevitabilidade. Porém, o mais certo é “bater na trave”: o que uma Europa estagnada precisa, é de concentrar o investimento na recuperação do atraso tecnológico versus EUA-China, na defesa e numa Ucrânia devastada. O aeroporto megalómano de José Sócrates já antes foi bloqueado; não é por agora se lhe mudar o rótulo que não voltará a ser bloqueado.
Bruxelas vai saber que há duas alternativas técnico-económicas em sintonia com o contrato, uma da “concessionária” e outra do “concedente”. O comparativo técnico tem de ser na esfera de 75km da Portela e para o mesmo tráfego aéreo. O comparativo económico deve integrar a infraestrutura aérea, o ruído aéreo intrínseco e as acessibilidades requeridas.
O governo de António Costa pediu à concessionária uma solução sem custos públicos, a qual propôs uma solução dual com base em 64MPAX (ano 2062) e no estratagema de forte desconto (até 80%) na taxa Montijo para compensar a fraca atração, comprometendo-se a alavancar 1,4 mil milhões €, com o adicional ao negócio. O isolamento do ruído seria com taxa a criar (total 200-250M€) e o Estado nada gastava por aceitar que os dois aeroportos seriam desligados da rede ferroviária.
A “alternativa da concessionária” é económica, porém insustentável. A ampliação para 50MPAX requer apenas um esforço até 1.650M€ (aeroporto + ruído), sobretudo à custa de ser desligada da ferrovia (AML e país) e de crescer o ruído aéreo (Portela) sobre a população. O governo defendeu a solução por não ter um plano B sem custos públicos e em harmonia com a concessão.
HUB Alverca-Portela é o plano B, melhor e mais económico que o da concessionária. Funde dois aeroportos existentes mediante comboio-automático e eleva Alverca a primeira estação nacional; o HUB lisboeta pode vir a ser o número um europeu em conetividade.
É também mais sustentável: Alverca poderá ter as melhores pistas europeias (trajetórias sobre água dos dois lados) para 75% do tráfego, baixando Portela a aeroporto-citadino.
E é mais económico, uma vez que o custo aeroportuário para 50MPAX atinge apenas 65% do custo da alternativa da concessionária.
Equipa Alverca-Portela entregou à CTI o abaixamento da procura Vinci (de 64 para 53MPAX). A projeção concessionária (de 2018) foi corrigida* com o efeito negativo “pandemia + extinção voos domésticos + renacionalização TAP”.
Equipa Alverca-Portela entregou à CTI o modelo económico sem ajudas públicas para o aeroporto + isolamento sonoro. Só interessa o surplus da inovação em relação à alternativa dual da concessionária. A inovação beneficia, por um lado, de uma substancial redução de custo por usar o existente/não precisar de isolamento e, por outro, de ter maior receita (sem desconto Montijo). O modelo económico (diferencial) foi apresentado** a preços constantes com taxa de atualização de 3% (baixo risco) e 22,5% de imposto (IRC + derrama municipal), com o VAL excedente superior a 750 milhões €.
Equipa Alverca-Portela indicou que o VAL excedente (750M€) substituía o Estado no financiamento de acessibilidades. A arquitetura global abrange o comboio-automático até à cidade (Alverca-Stª Iria-Portela-C. Grande) e, no estreito canal de navegação em Alverca, uma ponte-móvel para comboios AV de Lisboa para Madrid e Porto, o que reduz em 95% o custo das duas caras entradas-saídas de Lisboa graças à ilhota-mouchão entre o Trancão e Alverca.
Bruxelas vai conhecer um novo estudo económico de Alcochete alicerçado numa procura mais de três vezes à de antigamente, única forma de tentar voltar a justificar o gastador plano de há quinze anos: um mega-aeroporto na margem errada (até 10% da procura), que obriga a gigante ponte Chelas-Barreiro e mais 50km do AV Lisboa-Porto. Contudo, desta vez o estudo económico terá de integrar o custo total para estar de acordo com regras UE, como recente artigo de especialista alertou.
Bruxelas vai conhecer o estudo económico do HUB Alverca-Portela – uma solução em linha com o contrato de concessão e com a atualizada projeção EUROCONTROL − que o topo CTI acabou por sonegar ao comparativo e, mais tarde, não reviu os erros da exclusão***.
Fonte: hubalvercaportela.com
* Procura 2062: impacto da proximidade do aeroporto ao centro.
** Modelo económico-financeiro/cost-efficient concept: solução global sem ajudas públicas (aeroporto & acessibilidades).
*** Pronúncia ao Relatório Preliminar CTI.
Luís Janeiro, Professor da CATÓLICA-LISBON