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OE2018: A análise de João Borges de Assunção

Sábado, Outubro 14, 2017 - 01:00
Publicação
Dinheiro Vivo

O Orçamento do Estado de 2018 prevê um crescimento do PIB de 2.2% (versus uma previsão de crescimento de 2.6% para o corrente ano). Este é um cenário idêntico à generalidade das instituições, como o Banco de Portugal a Comissão Europeia ou o FMI e incluindo as do NECEP da Universidade Católica (ponto central de 2.3% mas com um intervalo de previsão alargado entre 1.6 e 3.0%). A aparente desaceleração de 2018 justifica-se pelo conjunto de efeitos pontuais que beneficiaram o corrente ano. O cenário do OE de 2018 é assim consistente com a continuação da recuperação económica iniciada em 2013 e pode trazer a economia portuguesa para valores próximos, mas ainda inferiores, aos observados em 2008.

Nas componentes mais importantes da procura o cenário do OE apresenta um crescimento de 1.9% para o Consumo Privado, 5.9% para o Investimento (FBCF), 5.4% para as Exportações e 5.2% para as Importações. Tendo em conta a incerteza acrescida que prever as componentes tem face à produção agregada da economia estas previsões estão próximas das do cenário central do NECEP publicadas na sua última folha de conjuntura a 11 de outubro: 2.2% para o consumo privado, 4.9% para o investimento e 5.3% para as exportações. O cenário macro do OE reflete, no essencial, a informação disponível mais recente e os desvios face às nossas perspetivas nas várias componentes do PIB estão dentro dos intervalos de previsão. Claro que os valores que vierem a ocorrer no próximo ano serão naturalmente diferentes. Mas os valores inscritos no cenário são semelhantes aos que entidades independentes provavelmente inscreveriam agora com base na melhor informação disponível.

Seria preferível que no próximo ano o investimento crescesse mais. O OE estima que crescimento da FBCF este ano seja de 7.7% e seria positivo que um valor idêntico ou superior ocorresse no próximo ano. A preferência do Governo por despesas de consumo face a despesas de capital mitiga as oportunidades de crescimento mais forte deste agregado.

O deflator do PIB previsto para 2018 é de 1.4%. Um valor idêntico ao previsto para a inflação. Os valores são semelhantes ao do cenário central do NECEP (inflação de 1.3% em 2017 e 1.5% em 2018).

A balança corrente e de capital, que representa as necessidades líquidas de financiamento face ao exterior, é de 0.8% do PIB nominal em 2017 e 1.0% em 2018, o que é também credível tendo em conta também que o resto do mundo não está disponível para aumentar a sua exposição líquida a Portugal devido aos elevados níveis de endividamento liquido do Estado e da economia como um todo.

Finalmente uma palavra de comparação entre o cenário para Portugal e a situação económica na zona euro e em Espanha. O cenário central do crescimento da zona euro em 2018 é de 1.8%, e para Espanha é de 2.7% (ainda sem o efeito da situação política disfuncional na Catalunha). Ou seja Portugal poderá convergir com a zona euro em 2018 mas parece estar a ter uma recuperação um pouco mais lenta do que Espanha.

João Borges de Assunção, Associate Professor na Católica Lisbon School of Business and Economics

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